Projeto promove qualificação profissional e inclusão digital de alunos da rede pública

especial_educacao_o_futuro_vem_ai_maos_ao_teclado_02BÁRBARA LETÍCIA LIMA DE OLIVEIRA tem 17 anos e mora em Escada, cidade da Zona da Mata de Pernambuco. A garota sempre se destacou pelas ótimas notas no colégio onde estuda, o Monsenhor João Rodrigues de Carvalho. No começo deste ano, coordenadores do Enter Jovem Plus, projeto que tem como objetivo inserir jovens no mercado de trabalho, foram à escola de Bárbara para apresentar a iniciativa. Explicaram que a seleção seria feita avaliando nota, comportamento, frequência e faixa etária. Bárbara ficou muito interessada e começou a se esforçar ainda mais na escola para participar do projeto. Não deu outra: ela foi selecionada e há cinco meses participa dos encontros, que acontecem aos sábados de manhã, com duração de quatro horas, no laboratório de informática da escola.

A proposta do Enter Jovem Plus, de acordo com Mariza Soares, do Instituto Empreender, idealizador da iniciativa, é “promover a qualificação socioprofissional e a empregabilidade de jovens de 16 a 29 anos, estudantes de escolas públicas, por meio de cursos de inclusão digital, inglês e conversação. A metodologia foi criada em 2003, quando o projeto se chamava Programa Enter Jovem. Em 2009, quando passou a ser aplicado no Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, e Sergipe, foi rebatizado.

No curso de inglês, são abordados temas como: “informações pessoais, falando de você, de outra pessoa, de gostos, necessidades, desejos, habilidades, rotinas de lazer, falando sobre eventos passados, em lojas, cidades, restaurantes, país e cidade e plano de vida”. A qualificação social engloba as seguintes temáticas: tecnologia da informação e comunicação, empregabilidade, comunicação no ambiente profissional, liderança, empreendedorismo, cidadania, direitos humanos e educação ambiental.

De acordo com Mariza, a iniciativa facilita o acesso a oportunidades de trabalho para jovens, por meio de uma metodologia que desenvolve habilidades tecnológicas básicas. Entre as quais, o manuseio de teclado, mouse, impressora e mídias removíveis; utilização de processadores de texto e softwares para a elaboração de apresentações; criação e gerenciamento de bancos de dados utilizando editores de planilhas; e uso de e-mail e outras formas de comunicação eletrônica via internet, como Skype, Facebook e Twitter.

Bárbara, que está no terceiro ano do ensino médio e pretende fazer faculdade de Medicina, está adorando: “Esse curso é uma oportunidade única para nós, aprendemos coisas que nunca vimos. Estou ganhando conhecimento além do que tenho na escola. Estamos conquistando qualificação social e profissional”, diz. Mas o que mais a interessa são as informações e debates sobre o mercado de trabalho. “Vão me ajudar muito futuramente”, acredita.

especial_educacao_o_futuro_vem_ai_maos_ao_teclado_01A formação, explica Mariza, dura cerca de cinco meses, com quatro aulas por semana de três horas cada, totalizando 300 horas-aula. O Instituto Empreender arca com os custos do material didático. Desde 2009, 6 mil jovens já foram capacitados e 40% dos que concluem o curso são inseridos no mercado de trabalho no ano seguinte ao da formação, segundo a coordenadora do projeto. “Além da inserção profissional, vários jovens estão dando continuidade aos estudos, pois, ao participar do projeto, reconhecem a importância de avançar nas qualificações formais para melhor empregabilidade”, explica.

Em 2010, 500 jovens foram qualificados no Ceará, 500 em Sergipe, 2,5 mil em Pernambuco e 400 no Rio de Janeiro. Em 2011, foram 500 no Ceará, 500 em Sergipe, 500 em Pernambuco e 800 no Rio de Janeiro. Ao final de 2012 terão sido qualificados 500 jovens no Rio de Janeiro e 200 em Pernambuco.

Os cursos são ministrados nas escolas de ensino médio, no contra-turno escolar. “Basta haver um laboratório de informática em funcionamento e uma sala de aula disponível”, esclarece Mariza. O projeto, que já ganhou o Prêmio Criança Esperança e o Prêmio de Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, teve um investimento de R$ 1,2 milhão em 2012. O custo por aluno é de R$ 1,3 mil. Entre os financiadores estão Petrobras, USAID, FioTec, Chevron e IBM.

O educador Luís Carlos Silva Lins, de 43 anos, já era professor da escola Monsenhor João Rodrigues de Carvalho quando recebeu a proposta de atuar com o Instituto Empreender. Hoje, além do trabalho na rede pública, ele dá aulas de direitos humanos e empreendedorismo no projeto. Em sua opinião, entre os benefícios da iniciativa estão a desinibição, a promoção de valores importantes – como o de trabalhar em equipe respeitando as diferenças –, o acesso à tecnologia, a confecção de documentos como memorandos, ofícios e relatórios. Acima de tudo, destaca, “eles assumem uma postura profissional que antes não era uma preocupação deles”. Bárbara confirma: “Aprendi a expor ideias, falar em público, coisas que eu tinha muita vergonha de fazer”. (Colaborou Igor Ojeda)

Fonte: www.enterjovemplus.org.br

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