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Um show de mau educação e falta de bom senso, foi promovido no último domingo (16), na frente do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam-UPE), na zona norte da Capital Pernambucana. Isso porque uma menina de 10, que foi estuprada pelo Tio no estado do Espírito Santo de onde é moradora, foi transferida ao Recife, para realizar o aborto do feto que estava gerando, fruto do abuso sofrido. 

Não bastando o sofrimento, psíquico, físico, e moral, que a menina vem sofrendo ao longo dos 4 anos de abuso pelo tio, os deputados ligados a extrema-direita e a bancada evangélica na Alepe, Clarissa Tércio (PSC), Joel da Harpa (PP), Cleiton Collins (PP) e Alberto Feitosa (PSC), acompanhados pelos vereadores do Recife, Michelle Collins (PP), e Renato Antunes (PSC), além da ex-deputada estadual Terezinha Nunes (MDB). Trataram de montar um verdadeiro circo na porta da unidade de saúde, para impedir o procedimento de retirada do feto, diga-se de passagem autorizado pela justiça capixaba e previsto em lei. Isso porque trata-se de um estupro de vulnerável e que a gestação coloca a vida da vítima em risco. 

Acompanhados de um grupo de religiosos católicos e evangélicos, aos gritos de assassinos (a criança que foi estuprada pelo tio), e o médico que decidiu fazer o procedimento, o protesto “pró-vida” intitulado pelos manifestantes aconteceu. Após muito bate-boca na porta do hospital, e diversos vídeos divulgados pelas redes sociais, o caso tomou repercussão nacional. 

Em busca do voto para a corrida municipal em Recife, o pré-candidato Alberto Feitosa que é deputado estadual pelo PSC, esteve na manifestação defendendo a pena de morte do tio da menina e supostamente a vida do feto, um tanto contraditório. O parlamentar foi questionado por um dos populares presentes, “Deputado o senhor é legislador deveria ter vergonha de agitar aqui na frente do hospital, desde os seis anos de idade que a menina vem sendo estuprada, como que o senhor, Joel e Clarissa que são defensores da pena de morte não tem vergonha na cara de vir fazer agitação aqui, e tá aqui defendendo isso” questionou. 

Gritos, acusações, xingamento e baixaria marcaram o ato de cristãos intitulados pró-vida, na frente de uma maternidade, onde diversas mães estavam com seus bebês recém-nascidos, para impedir que uma criança pudesse ter o direito de ser apenas criança, e não ser mãe antes do tempo e do desejo dela. Se fosse com a filha do deputado Alberto Feitosa, da deputada Clarissa Tércio, ou do deputado Joel da Harpa eles teriam a mesma força e veemência para defender a gestação até o fim? 

Tantos outros problemas sociais mais graves que assolam nossa sociedade, não tem o mesmo tratamento e disposição dos mesmos parlamentares, não há tanta energia empenhada para debater os problemas da segurança pública em Pernambuco por exemplo, como por exemplo a violência policial, a violência contra a mulher ou contra negros e periféricos? No mínimo se tira uma conclusão de que tudo isso que ocorreu, tem um grande motivo de interesse político e de poder a eleição de 15 de novembro. Essas são algumas das perguntas que precisam de respostas dos parlamentares. 

Juntas – A co-deputada Carol Virgulino do mandato coletivo do PSOL na Alepe, foi a única voz a nível estadual que esteve na frente do Cisam para defender o direito em lei da menina fazer o aborto legal. "É inconcebível que a gente tenha fundamentalistas, pessoas de igrejas, neste momento ocupando a frente de uma maternidade, durante uma pandemia, para impedir que uma menina de 10 anos estuprada desde os seis faça um aborto legal", argumentou Elisa Aníbal, integrante da Frente Nacional Contra Criminalização das Mulheres. Ela, que também é advogada, destacou os motivos pelos quais o procedimento está em conformidade com a lei. "O aborto em caso de estupro já é garantido por lei. Se a menina é menor de 14 anos, isso ainda significa estupro de vulnerável. O corpo de uma pessoa de 10 anos não suporta uma gestação, coloca a vida da criança em risco. Forçar uma menina de 10 anos, vítima de estupro, a gestar até os nove meses é uma tortura", destacou. 

Direita no Recife- O deputado federal Daniel Coelho (Cidadania) deverá ser o nome da oposição oficializado para a corrida pela prefeitura da capital. Várias conversas sem entendimento ocorreram, mas ao que tudo indica o deputado que já disputou por duas vezes a prefeitura do Recife, será o nome da direita, que deve somar os partidos PSDB, DEM, PTB e PSL na sua coligação. 

PL e PSC- Sob o comando dos Ferreiras, tendo o deputado federal André Ferreira presidindo o PSC no estado, e o prefeito Anderson Ferreira no comando do PL, ainda não foi batido o martelo de qual será o rumo das siglas nas eleições do Recife, os dois partidos somam deputados na Alepe, vereadores na Câmara, fundo partidário e tempo de TV, que deverá ser o fiel da balança nas eleições. 

João Campos – Na última semana o pré-candidato do PSB a prefeitura do Recife, ganhou o reforço do PRB, comandado no estado pelo deputado federal Silvio Costa Filho. No encontro, o Republicanos entregou uma carta programática com um conjunto de sugestões que vão ser incorporadas ao Programa de Governo que o pré-candidato irá apresentar à sociedade. “Não tenho dúvida que juntos vamos trabalhar para buscar a melhoria da qualidade de vida dos recifenses que sonham com uma cidade mais justa e solidária. Acredito que João reúne todas as condições para liderar esta nova etapa da capital pernambucana. Estamos construindo uma aliança com um conteúdo programático para a cidade. Nós do Republicanos defendemos uma gestão que busque o desenvolvimento econômico e social”, destacou Silvio. 

Pergunta que não quer calar: E se a criança que foi estuprada pelo tio e engravidou, fosse filha de um dos deputados ou dos vereadores, ele apoiariam ou não o aborto do feto?