Jornalista negro, Sanchilis Oliveira. Foto: Sanchilis Oliveira |
Por Sanchilis Oliveira
Eu vivi muitos momentos em que fui olhado, tratado, apontado de forma diferenciada por ser apenas negro, em loja que fui comprar, em escola que estudei, por professor na faculdade, por colegas de classe no ensino fundamental. O racismo abre feridas no negro que passa por essas situações, que ficam abertas por toda vida e hoje venho aqui compartilhar com vocês algumas das experiências que vivi:
Certo dia eu estava precisando comprar uma impressora para minha gráfica rápida que eu tinha montado na frente da FAESC – Faculdade da Escada, e me desloquei para o Recife, a um shopping da capital, chegando em uma loja de materiais de informática, entrei, e parecia ser invisÃvel aos vendedores majoritariamente brancos, e deixei ver até onde iria essa minha invisibilidade negra, e percebi que ao percorrer parte da loja o olhos me acompanhavam, como se eu fosse furtar algum dos produtos desta referida loja, e aguardei alguém vir até mim. Daà veio um vendedor perguntando o que eu estava querendo, eu disse: apenas ser atendido!, estou a mais de 30 minutos na loja e ninguém me atendeu, pareço ser invisÃvel?. E percebi o desconforto do atendente, e de pronto pedi para falar com o gerente que veio falar comigo e reportei o tratamento diferenciado pois ao mesmo tempo que cheguei nesta loja, um homem branco, bem vestido e de aparência europeia chego, e de pronto foi atendido, já eu, talvez por ser apenas um negro, de aparência latina fui invisibilizado.
Passei por tantas outras discriminações na escolha sendo chamado de “gato preto dar azar” saiam de perto dele, por uma colega de classe da segunda série, na faculdade por ter um posicionamento polÃtico diferente da professora que gritou, “preto, pobre e ignorante”, e em tantos outros lugares que vi que minha presença incomodava por apenas ser um negro.
O racismo estrutural, que está na forma de falara piada, “Negro quando não caga na entrada, caga na saÃda” como se preto não fizesse nada que preste, “hoje é dia de branco” se referindo a um dia de trabalho como se os pretos fossem preguiçosos, a tão usada “Inveja branca” mais uma vez referindo-se ao negro como um subcategoria de seres humanos, “catinga de negro” como se branco não exalasse odores ao estarem suados, e tantas outras piadas e falas de mau gosto que parecem normal, mas não são!
Eu me solidarizo a uma causa que é minha, que vivo cotidianamente, aos negros que como eu sofreram por terem cabelos crespos, por terem traços na sua aparência mais africana que europeia, num Brasil onde preto, Ãndio, branco são paridos pela mesma pátria. O racismo mata, e mata ao ponto de você não querer existir, ou ficar invisÃvel para que não seja alvo de mais uma graça, de mais um olhar, de mais uma viada, de mais uma agressão policial, de mais uma desigualdade.
Vidas negras importam sim! Essa luta é de todos porque vida não tem cor, não tem raça, não tem credo.
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