Eduardo Cajueiro, empresário e pré-candidato a prefeito do Cabo de Santo Agostinho. Foto: Divulgação

Por Eduardo Cajueiro

Sobral é uma cidade que fica a 240 Km de Fortaleza, berço político dos Ferreira Gomes, tem 204 mil habitantes, um PIB per capita entorno de 18 mil reais e PIB total de 4 bilhões de reais. Nos últimos anos, essa cidade cearense tem se destacado no cenário nacional, por ter sido multi-campeã nos índices que medem o desenvolvimento da Educação Básica no Brasil. Tem a única rede de ensino pública do país cujo prefeito pode dizer aos pais: matricule seu filho em qualquer escola que ele receberá ensino padrão, de alta qualidade. Isso não ocorreu de uma hora para outra, é fruto de um trabalho que vem do final dos anos 90. 

O Cabo de Santo Agostinho é cidade que fica a 14 Km do Recife, berço político dos Gomes e Cabral, tem 204 mil habitantes e PIB per capita entorno de 39 mil reais e PIB total por volta de 7,5 bilhões de reais. Temos praticamente a mesma população de Sobral, porém quase o dobro dos recursos, somos muito mais ricos que nossos irmãos sobralenses. Entretanto, quando analisamos a situação da educação no Cabo, constatamos uma triste realidade, nos índices que medem a qualidade da educação básica (IDEB), nunca ficamos nem entre os 500 primeiros colocados do país. A nota dos estudantes de Sobral é 9,1 para o ano de 2017, o que representa mais que o dobro da nota dos estudantes do Cabo 4,8. Se você mora próximo a uma escola municipal, é comum ver estudantes saindo das escolas às 10h30 no turno da manhã e às 15h30 no turno da tarde por falta de professores. O último concurso para docentes foi há mais de 10 anos, a principal fornecedora de merenda Escolar do Cabo esteve recentemente envolvida em diversos escândalos de corrupção e fraudes em licitações. Parafraseando o dramaturgo inglês William Shekespeare, “há algo de podre no reino da Dinamarca”. Como as últimas gestões do Cabo não conseguiram tirar a educação dessa triste letargia? E não foi por falta de recursos. 

Na verdade, o Cabo carece de gestão, seriedade e compromisso com a população, principalmente com os mais pobres. Faltam creches, centros de educação infantil, escolas de tempo integral, escolas funcionais. Faltam atividades extraclasses nas áreas de esporte, cultura e lazer, faltam programas de incentivo à permanente qualificação dos nossos professores (especialização, mestrado e doutorado). Falta pulso para tirar o tráfico de drogas de dentro das escolas, a exemplo que acontece em Gaibu. A Fachuca que tanto ajudou na formação de inúmeros cabenses está prestes a fechar as portas por falta de investimentos. 

Educação não se constrói apenas com obras de pedra e cal, educação se constrói com mudança de atitude. Faz-se urgente estabelecer um compromisso para resgatar a Educação no Cabo, independente de viés partidário ou ideológico, urge criar um Plano Municipal de Educação “A Educação que nós queremos”, que encare os problemas e aponte soluções e que tenha metas a serem atingidas no curto, médio e longo prazo, que aponte um futuro promissor para nossas crianças, jovens e adolescentes, pois eles são e serão os grandes prejudicados pelo descaso do modelo atual.

No Cabo, é preciso, como dizia Paulo Freire, diminuir a diferença entre o que se diz (o que se propaga nas redes sociais) e o que se efetivamente faz, até que num dado momento o que se diz seja o que se faz. Caso contrário, continuaremos sendo os últimos da fila quando se falar em qualidade da Educação, continuaremos sendo uma cidade rica com a população pobre e desassistida. O poder público tem que assumir a responsabilidade de promover mudanças estruturadoras na Educação. Por isso, defendemos mais uma vez: Nem Gomes, nem Cabral #O Cabo merece respeito.