Preocupação do governo é acomodar partidos que mostraram fidelidade

Centrão quer mais espaço no governo e critica ministérios do PSDB. Articuladores tentam acalmar os que pedem retaliação aos tucanos.


JN - No governo, além de traçar estratégias para a votação da denúncia no plenário, uma das preocupações agora é acomodar os partidos que demonstraram mais fidelidade na votação.

Assim que acabou a votação, os aliados do chamado Centrão (PRB, PP, PSD e PR), que fecharam questão com o governo, correram ao Planalto para cobrar ajuste de contas. Mais espaço no governo. Não acham justo, por exemplo, que o PSDB continue com quatro ministérios. Já há até disputa pelas vagas, especialmente o Ministério das Cidades, ocupado pelo tucano Bruno Araújo.

“Você apoia, você tem ministério, ajuda a governar, e parte da bancada desse partido vota contra o governo e faz discurso contra o governo. Eu acho que tem que diminuir ministério”, disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP).

Mas, se depender de Temer, nada muda. Ele sabe que não pode se dar ao luxo de romper com ninguém. Pelo menos, agora. A ordem é tentar converter quem está contra ele e os palacianos vão passar o resto do mês tentando agradar aos insatisfeitos, classificados pelo Planalto como “indecisos”. Por isso mesmo, os articuladores saíram tentando acalmar os ânimos dos que defendem retaliação aos tucanos.

O vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi, disse que o presidente Temer conta com o PSDB, que defende as reformas. O governo sabe que ainda conta com votos de parte da bancada do PSDB na Câmara. “O PSDB é o partido das reformas também, ele tem sim discussões internas. Reformar o país, mudar o país, provoca muita discussão entre os deputados e entre os partidos, por isso é um processo. Nós contamos e vamos continuar contando com o PSDB”, disse Perondi.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse, em entrevista à Rádio Gaúcha, que a relação do PSDB com o governo será analisada pelo presidente Temer. “Por certo, os partidos que têm maior representatividade dentro do Congresso em favor do governo têm que ter mais consideração do governo. Isso será analisado no devido tempo. Por enquanto, a posição do presidente Michel Temer é pedindo que apoiem as posições do governo, e no devido momento essas posições serão avaliadas”, afirmou.

Mas o PSDB não sabe se fica ou se vai. Falta consenso. O governador de São Paulo diz que trabalha para unir os tucanos. “Eu estou procurando ajudar o PSDB a buscar uma convergência. Há uma divisão no partido, há que se reconhecer isso. Há aqueles que já não querem que haja nenhum ministro no governo e outros que pensam de maneira diferente. Eu sempre defendi que nós não deveríamos sair antes de concluir as reformas”, disse Geraldo Alckmin.

Mas o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati, insiste em dizer que o partido deve deixar o governo. “Já deveríamos ter saído porque, como eu disse, nós não dependemos de ter ministério para apoiar aquilo que é importante para o país. Como as denúncias são crescentes e não param, acho que a pressão da opinião pública sobre esses ministros faz com que eles comecem a perceber que é melhor para eles, e é melhor para o país, que a gente faça um projeto para o país melhor do que nesse tipo de barganha”, declarou.

Uma nova reunião da executiva do partido deve ser realizada em agosto, mas sem dia definido. Nessa empreitada, Temer se reuniu com os ministros da Agricultura, Blairo Maggi, do Meio Ambiente, Sarney Filho, e o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, Nilson Leitão, para tratar da floresta Jamanxin no Pará.

Depois de vetar um texto que diminuía a área da floresta, o governo cedeu aos ruralistas e mandou, agora, um projeto de lei ao Congresso sobre o tema. O texto prevê um impacto menor na área. Mas, durante a tramitação, podem ser feitas emendas do agrado da bancada ruralista, que é a segunda maior da Câmara.

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