"A Justiça nunca pode ser tomada como ato de vingança", diz Marina Silva (Rede-AC) no dia em que seu ex-chefe Lula, de quem foi ministra do Meio Ambiente, foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz Sergio Moro.
Folha SP - Para a duas vezes presidenciável e pré-candidata ao Palácio do Planalto em 2018, não faz sentido falar numa operação disposta a ser algoz do petismo, dirigida por uma visão parcial de Moro. A Lava Jato, afinal, atingiu lideranças de várias legendas.
"Os três grandes partidos que contribuíram para a democracia [PT, PSDB e PMDB] estão igualmente comprometidos, isso é muito triste", diz a exsenadora. A sentença de Moro tem o efeito colateral positivo de mostrar que "ninguém está acima da lei", segundo Marina.
"Agora não só os cidadãos comuns estão, digamos assim, acostumados a responder diante da Justiça. Temos empresários, lideranças de grandes partidos, Dilma, Lula, Aécio, o ex-presidente da Câmara [Eduardo Cunha], os atuais [presidentes do Congresso, Rodrigo Maia na Câmara e Eunício Oliveira no Senado] também estão sendo investigados..."
Para Marina, é importante "contextualizar" a situação pela qual o Brasil passa. Nesse sentido, a condenação de Lula faz parte de um grande novelo.
"Temos o presidente atual [Michel Temer] que também está sofrendo uma denúncia inédita [primeiro mandatário acusado de corrupção no exercício do cargo], e antes uma presidente que, depois de sofrer um impeachment, só não foi cassada [pelo Tribunal Superior Eleitoral, no julgamente da chapa DilmaTemer] por causa de uma decisão que deixou a sociedade estarrecida."
"Ninguém pode dizer que fica feliz com uma coisa dessas. Gostaria que tivesse sido tudo diferente", diz.
Pesquisa realizada pelo Datafolha em junho, sobre a disputa presidencial de 2018, aponta que Lula (PT) mantém a liderança, com até 30% das intenções de voto, seguido por Jair Bolsonaro (PSC), 16%, e Marina, 15%.
Derrotada nas duas últimas disputas, Marina lidera nos cenários que excluem Lula, com até 27% entre todos os ouvidos. Questionada sobre o fortalecimento de Bolsonaro nas pesquisas, a ex-ministra afirma que vê o avanço de discursos extremistas como "um grande desafio".
"Após uma grande decepção, causada por aqueles que fizeram grandes promessas, [é fundamental] que as pessoas possam compreender que não deve haver qualquer espaço para fragilizar o avanço da democracia, o respeito aos direitos humanos, [não pode ter] a política feita não com base no ódio."
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