Jurista Miguel Reale acusa o governo de ‘falsidade ideológica’ em sessão da comissão do impeachment

Em 20 minutos de exposição na comissão especial do impeachment, Miguel Reale disse que as pedaladas fiscais não eram um mero problema contábil e acusou o governo de “falsidade ideológica”

Com informações do Estadão Conteúdo

Em meio a um tumulto generalizado, jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, fez seu depoimento na comissão especial do impeachment na tarde desta quarta-feira (30).

A sessão começou com um quórum de 50 membros e 51 parlamentares – entre membros e não membros – já inscritos para falar e um clima acalorado em plenário, com gritos de governistas e oposicionistas.

Em 20 minutos de exposição na comissão especial do impeachment, Miguel Reale disse que as pedaladas fiscais não eram um mero problema contábil e acusou o governo de “falsidade ideológica” por não fazer o devido registro da dívida. O jurista lembrou que as pedaladas começaram em 2014 e se estenderam para 2015.

Reale afirmou que o equilíbrio fiscal é um bem público e jurídico e que ele foi quebrado com as pedaladas. Em suas palavras, as pedaladas constituem crime grave, um “expediente malicioso onde foi escondido o déficit fiscal” e uma afronta a Lei de Responsabilidade Fiscal. Para ele, a dívida da União foi “empurrada com a barriga” e o superávit primário foi “falseado”. “De repente se percebeu que o Estado estava falido e a consequência foi a emissão de títulos, o aumento dos juros”, declarou.

O jurista disse que o País perdeu a credibilidade e a esperança foi “sequestrada”. “Isso não é crime?”, questionou. “Crime não é apenas colocar a mão no bolso do outro. Crime aqui é eliminar as condições do País de ter desenvolvimento, cuja base é a responsabilidade fiscal”, completou.

Reale encerrou seu discurso sob aplausos dos oposicionistas.

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