Picciani consegue assinaturas e retoma liderança do PMDB

Deputado foi destituído do cargo há uma semana após articulação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

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Uma semana após ser destituído, o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) protocolou nesta quinta-feira uma lista com 36 assinaturas para voltar à liderança da bancada do PMDB na Câmara. Ele foi alvo de uma articulação de parlamentares insatisfeitos com seu posicionamento governista e anti-impeachment, mas, com o apoio do Planalto, conseguiu emplacar uma contraofensiva para reassumir o posto.

As assinaturas foram entregues na manhã desta quinta à Secretaria-Geral da Mesa. Era necessário o apoio de pelo menos metade mais um deputado da bancada para voltar ao comando do partido na Câmara. Atualmente, a bancada peemedebista tem 69 congressistas. O número arregimentado por Picciani foi o mínimo necessário.

Picciani perdeu o cargo de líder após excluir a ala rebelde da comissão que analisará o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os oito deputados alocados por ele no colegiado tinham tendência a barrar a ação logo na primeira etapa. Em reação e com o apoio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi eleita uma nova chapa, composta justamente por esses parlamentares anti-Dilma, e foi apresentada uma lista com assinaturas para destituir o deputado fluminense e, no lugar, colocar o mineiro Leonardo Quintão.

O temor em torno de Quintão, cacifado por Cunha e também pelo vice-presidente Michel Temer, fez o Planalto entrar em campo nas negociações para a volta de Picciani. Ministros de Dilma dispararam telefonemas a parlamentares, articularam o retorno de deputados licenciados e ainda tentaram convencer congressistas de outros partidos a migrarem ao PMDB para darem quórum a Picciani.

A medida provocou uma imediata retaliação do PMDB, que aprovou, nesta quarta, uma resolução que submete à Executiva Nacional o deferimento das novas filiações, hoje a cargo dos diretórios estaduais. Esse documento aumentou a crise interna no partido e fez Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), entrarem em rota de colisão.

As assinaturas foram conferidas e autorizadas pela Câmara ainda pela manhã. Sete deputados que haviam apoiado a derrubada de Picciani voltaram atrás e assinaram a lista protocolada pelo deputado fluminense. São eles Lindomar Garçon (RO), Simone Morgado (PA), Elcione Barbalho (PA), Celso Maldaner (SC), Vitor Valim (CE), Jéssica Sales (AC) e Silas Brasileiro (MG). Questionado pelo site de VEJA, ele creditou a mudança a uma rejeição da bancada ao sistema de eleição por listas e negou que foi colocada à mesa alguma recompensa, como cargos. "Não é cabível esse argumento. Nosso convencimento foi político", afirmou.

Também chama atenção nas assinaturas o nome de Marco Antônio Cabral. Filho do ex-governador Sérgio Cabral, aliado de Dilma, ele foi eleito para a Câmara neste ano, mas se licenciou do posto para assumir a Secretaria de Esporte do Rio. O peemedebista retomou o cargo interinamente com o objetivo de salvar Picciani. O mesmo fez o secretário Pedro Paulo, cujo nome também integra a lista.

Logo após a conferência das assinaturas, Picciani anunciou o seu retorno à liderança do plenário da Câmara e disse ter o compromisso de que a bancada não vai mais adotar o "expediente constrangedor" da troca de listas. "Em fevereiro, sem constrangimento, nós iremos eleger o líder para 2016", afirmou. Picciani deve ser novamente candidato ao posto, o que quebraria acordo de uma "dobradinha" firmado com Quintão no início do ano.

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