Estadão
A surpresa não foi a demissão, mas a forma como ela ocorreu. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, foi comunicado sobre a sua saída do governo em um telefonema, feito pela presidente Dilma Rousseff na manhã desta terça-feira, 29. O diálogo não demorou mais do que três minutos. Dilma disse que precisava do cargo, ocupado pelo ministro desde fevereiro de 2014, para cedê-lo a um nome do PMDB.
Chioro esperava o desfecho desde a semana passada. Antes de embarcar para os Estados Unidos, na quinta-feira, Dilma o chamou para conversa – esta feita pessoalmente – para afirmar que havia uma grande possibilidade de ele sair. Era o melhor caminho para acalmar o apetite do PMDB no Congresso. O clima, no entanto, mudou bastante depois da conversa.
A presidente ficou irritada com entrevista dada pelo ministro ao Estado, publicada anteontem, em que ele alertava sobre as dificuldades que sua pasta enfrentaria caso o Orçamento do próximo ano fosse aprovado da forma como foi proposto para o Congresso. Na entrevista, ele afirmou haver grande risco de o sistema entrar em colapso.
Dilma considerou as declarações uma afronta. Para ela, essa não era a atitude esperada de um ministro.
O descontentamento da presidente, porém, atingiu o auge com a notícia de que se estava formando nas redes sociais uma manifestação, programada para o fim da manhã desta terça, pedindo a permanência do ministro. Esse movimento, na avaliação do Planalto, contaria com a aprovação de Chioro. Para acabar com qualquer ameaça de polêmica em torno da sua decisão, a presidente preferiu apressar o seu comunicado e, com isso, podar eventuais tentativas de Chioro para permanecer no cargo.
Chioro começou a despedir-se na semana passada. Abatido, decidiu fazer um pronunciamento na reunião com gestores estaduais e municipais de saúde. Foi aplaudido e recuperou em parte o ânimo.
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