Catadores de recicláveis são esquecidos em Escada

Sem estrutura nenhuma os trabalhadores vivem seu cotidiano de sofrimento esquecidos pelo poder público

Várias famílias escadenses sobrevivem da coleta de recicláveis, que por sua vez diretamente contribuem com a preservação do meio ambiente, porém são esquecidos e desvalorizados. Trabalham de forma inadequada expondo suas vidas aos riscos de contraírem doenças através do contato direto com o lixo, sem nenhum EPI (Equipamento de Proteção Individual) ao exemplo de luvas, botas e materiais para realizarem a coleta, e além de sofrerem com tudo isso não são ressarcidos corretamente pelos compradores dos materiais.

Catadores de recicláveis no município de Escada-PE / Foto: Facebook

No Brasil, é impensável falar em reciclagem sem citar os catadores de materiais e suas cooperativas. Não existem números fechados, mas calcula-se que existam de 300 mil a 1 milhão de catadores em atividade no país. Os dados são do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), que, no final de 2006, registrava 450 cooperativas formalizadas e aproximadamente 35 mil catadores em seus cadastros.

Não é para menos, a população brasileira gera diariamente cerca de 126 mil toneladas de lixo de consumo (excluindo dejetos industriais e empresariais). Não fossem os catadores, esta fábula de lixo acabaria integralmente em aterros sanitários e lixões. Na cidade de São Paulo, por exemplo, cerca de 20 mil catadores desviam dos lixões oito mil quilos de materiais diariamente, segundo dados de 2007.

A PROFISSÃO

A profissão, no entanto, não é tão glamurosa quanto o papel social e ambiental que os catadores exercem. Muito pelo

contrário, a maioria deles perambula em média 20 quilômetros por dia, debaixo de chuva e sol, puxando até 400 quilos (o peso da carroça cheia), em busca de materiais que, muitas vezes, só são encontrados dentro de sacos de lixo.

Como a maioria não usa proteção (uns por falta de dinheiro, outros por falta de informação), frequentemente ocorrem lesões ou infecções pelo manuseio o lixo. É muito comum também que sejam confundidos com mendigos ou marginais ou, o que é pior, simplesmente ignorados pela maioria das pessoas.

A IMPORTÂNCIA DE SE ORGANIZAR

Os atravessadores se aproveitam da frágil estrutura organizacional dos catadores e abocanham 75% do faturamento gerado pela reciclagem, segundo dados do Instituto Polis. Os catadores, por sua vez, ficam com apenas 25% da receita (e com todo o trabalho pesado).

É por isso que se proliferam, pela maioria dos centros urbanos do País, as cooperativas de catadores de materiais reciclados. Organizados, os catadores têm obtido resultados expressivos no sentido de melhorar suas condições de trabalho e sua remuneração.

As cooperativas normalmente oferecem uma série de benefícios aos associados, como estacionamento para carroças, banheiro, refeitório (em muitos casos com direito a almoço) e espaço para recebimento e separação de materiais.

O grande volume de materiais coletados pelas cooperativas permite que os preços sejam mais bem negociados, seja com indústrias que utilizarão o material como matéria-prima, seja vendendo a atravessadores. Em última análise, a cooperativa dispensa a presença dos atravessadores, pois possui estrutura suficiente para negociar direto com o cliente final.

Redação do Escada News

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